Crise nos aeroportos e portos: como a covid-19 afetou o comércio exterior e as importações vindas da China

Crise nos aeroportos e portos: como a covid-19 afetou o comércio exterior e as importações vindas da China

O comércio exterior movimenta a economia mundial e permite que o conceito de globalização seja real e atual. É através de importações e exportações que o valor de muitos produtos são formados e é o influencia a alta e a baixa dos mesmos. Entretanto, o cenário que temos atualmente são aeroportos e portos lotados, falta de containers, navios e aeronaves sem espaço e atrasos nas entregas. Os aeroportos e portos ficaram fechados e muitos funcionários estavam em quarentena, o que gerou um acúmulo de mercadoria nestes locais. Larry John Rabb Carvalho, advogado especializado no segmento de comércio internacional, transportes e infraestrutura comenta que essa “é uma situação bastante complicada porque um terminal fechado por 3 ou 4 dias já cria uma fila de 350 navios de espera. Quando ele volta a funcionar não volta ao normal, tem que operar essa fila. Vai criando represamento, são cinco dias que criam uma necessidade de meses para desafogar”. O acúmulo de mercadoria fez com que as entregas atrasassem e muitas empresas sofressem prejuízos por falta de matéria-prima e produtos necessários para seu funcionamento. Porém, mesmo após a retomada ao trabalho os efeitos puderam ser sentidos, uma vez que a quantidade de cargas era alta, houve uma superlotação em navios e aeronaves o que continuou gerando atrasos e, em situações mais problemáticas, a falta de containers e falta de rotas para aeronaves e navios. Segundo Larry, “os containers começaram a passar mais tempo nos portos. Muitas empresas sem poder trabalhar quebraram, deixando muitos containers abandonados. Tudo começou ano passado (2020) com esse problema logístico, os containers vazios estavam começando a demorar voltar para a China” Em abril de 2022, o jornal Isto É Dinheiro, em sua versão digital, publicou uma matéria que comenta que a volta das contaminações pelo Covid-19 na China prejudicou as importações e exportações, pois o lockdown voltou a ocorrer na região e isto afetou o mundo todo, visto que o comércio exterior está muito ligado a China. “A China representa 12% do comércio mundial. Portanto, se as mercadorias ficarem presas na China, elas não chegarão aos principais consumidores. Além disso, se um navio começar a demorar mais para chegar até o seu destino em sua viagem, isso causa um grande problema inflacionário”, comenta Michael Tran ao CNN Brasil Business. Estes problemas afetam a economia da população em geral, uma vez que a matéria-prima passa por aumentos e os produtos também aumentam. De acordo com o presidente do Sindicato dos Despachantes Aduaneiros do Estado do Ceará (Sindace), Sérgio Amora, os fretes tiveram aumento de preço de até 1.000% entre 2019 e 2021, o que torna os negócios inviáveis para alguns importadores. Amora também comenta que “em 2019, um frete de container de 20 pés da China, que suporta em torno de 30/33m³, custava 2 mil dólares. Hoje, custa 20 mil. Além do aumento real em dólar, ainda teve a desvalorização do real. Não existe mais o pequeno importador, médios ainda existem alguns e os grandes resistem”. Vemos, então, uma crise econômica se formar e pode-se levar anos até que a situação volte ao controle. Outro problema que se pode citar é a monopolização das companhias marítimas e aéreas. Empresas maiores compraram as menores no período da pandemia e consolidaram os processos que antes eram divididos em cinco ou seis rotas, para que mais opções fossem oferecidas e para que as mercadorias chegassem em menos tempo aos clientes, em uma única, causando uma superlotação de mercadoria nos portos e aeroportos. Desta forma vemos uma caída nas importações e exportações, mas um refúgio para os produtores nacionais, pois uma vez que os fretes para importações ficam mais caros, a busca por produto nacional começa a crescer, o que contribui para que o produtor nacional cresça e, assim, possa se ver uma melhora na economia interna. O cenário ainda é incerto e não há uma previsão de melhora para os meses que se seguem, as consequências da pandemia ainda perdurarão por mais algum tempo e cabe ao exportador e importador encontrar meios mais econômicos para que sua mercadoria atravesse os céus e os mares para chegar ao destino e assim movimentar o comércio mundial. REFERÊNCIAS QIU, Stella; WOO, Ryan; ZHANG, Ellen. Importações da China têm queda inesperada em março com restrições por Covid. Isto É Dinheiro. São Paulo, 2022. Disponível em: < https://www.istoedinheiro.com.br/importacoes-da-china-tem/>. Acesso em :18 de maio de 2022. JULIÃO, Fabricio. Lockdowns na China e guerra na Ucrânia congestionam principais portos do mundo. CNN Brasil Business. São Paulo, 2022. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/business/lockdowns-na-china-e-guerra-na-ucrania-congestionam-principais-portos-do-mundo/. Acesso em: 19 de maio de 2022. VASCONCELOS, Heloisa. Compras da China atrasam até 4 meses com fechamento de portos e falta de containers. Diário do Nordeste, 2021. Disponível em: < https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/negocios/compras-da-china-atrasam-ate-4-meses-com-fechamento-de-portos-e-falta-de-containers-1.3125954>. Acesso em: 18 de maio de 2022

Por Anônimo, em 02 de junho de 2022